domingo, 26 de maio de 2013

EDITORA ABRIL GIANCARLO CIVITA SUCEDE A ROBERTO CIVITA .



Missão | 27/05/2013 17:54


Giancarlo Civita promete seguir com o legado do pai


Em discurso de despedida, Giancarlo Civita, que assumiu as funções de Roberto Civita no Grupo Abril, reforçou compromisso com a educação e a liberdade de expressão


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FLAVIO A. SANTANA/BIOFOTO
Giancarlo Civita, presidente executivo do Grupo Abril, e Roberto Civita, presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril e diretor Editorial, no coquetel em comemoração a aquisição do grupo Anglo, no Terraço Abril
Roberto Civita com o filho Giancarlo: crença na educação e na liberdade de expressão como fundamentos para um Brasil "de verdade"

São Paulo - No encerramento do velório de Roberto Civita, presidente do conselho do Grupo Abril, seu filho Giancarlo Civita prometeu ser fiel ao legado deixado pelo empresário. "Reiteramos o compromisso que já havíamos feito a ele de perseverar na busca da verdade, na melhoria da qualidade de vida dos brasileiros e no fortalecimento das instituições democráticas no Brasil", afirmou Giancarlo Civita, em discurso de despedida no Crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, São Paulo.
Roberto Civita faleceu na noite de domingo após sofrer falência múltipla de órgãos. Em fevereiro, ele havia passado por uma cirurgia para correção de um aneurisma abdominal. Desde então, estava internado no hospital Sírio Libanês, na capital paulista.
Em março, Giancarlo assumira interinamente as funções do pai na holding. Durante a cerimônia na tarde de hoje, ele reiterou que Roberto Civita era um entusiasta do Brasil. "Durante toda sua vida ele mostrou em atos e palavras que uma nação de verdade, viável e justa, não nasce ao acaso. Ela precisa ser construída", disse.
Gianca, como é chamado na Abril, lembrou que o pai foi o mais brasileiro dos brasileiros - não por ter nascido aqui, porque era italiano de nascimento - mas por ter optado por ser brasileiro.
"Ele tinha certeza de que as ferramentas para a construção da nação são a educação e a liberdade de expressão. A esses dois fundamentos, que ele via como inseparáveis, nosso pai dedicou sua vida", disse Gianca. Ele reforçou que esse foi o legado deixado pelo pai - e que ele seria seguido com fidelidade pelos seus herdeiros.
Além de Giancarlo, Civita também deixa os filhos Roberta e Victor, sua mulher Maria Antonia e seis netos e enteados.
Veja o discurso na íntegra de Giancarlo Civita, que assume como presidente do conselho do Grupo Abril:
"A dor indescritível da perda de nosso pai torna-se suportável somente pela certeza de que ele teve uma vida plena em que fez frutificar suas convicções em uma obra memorável.
Roberto Civita foi um líder, uma referência de pensamento e ação em benefício da democracia e do avanço social, econômico e cultural do Brasil. Nosso pai era um entusiasta do Brasil. Ele acreditava no Brasil.
Durante toda sua vida ele mostrou em atos e palavras que uma nação de verdade, viável e justa não nasce ao acaso. Ela precisa ser construída.
Ele tinha certeza de que as ferramentas para isso são a educação e a liberdade de expressão. A esses dois fundamentos, que ele via como inseparáveis, nosso pai dedicou sua vida.
Como seus filhos, reiteramos o compromisso que já havíamos feito a ele de perseverar na busca da verdade, na melhoria da qualidade de vida dos brasileiros e no fortalecimento das instituições democráticas no Brasil.
Esse foi o legado que ele recebeu do nosso avô, Victor Civita. Esse é o legado que eles no deixou. Vamos ser fiéis a ele."






26/05/2013-23h01

Roberto Civita, presidente do Grupo Abril, morre em São Paulo aos 76 anos


DE SÃO PAULO
 
O empresário Roberto Civita morreu neste domingo (26) em São Paulo aos 76 anos, vítima de complicações cardíacas. De origem italiana, era presidente do Grupo Abril, uma das maiores empresas brasileiras de comunicação, e editor da "Veja", a maior revista semanal do país, com circulação de mais de 1 milhão de exemplares.
Era também diretor editorial da Abril S.A., com 9 mil funcionários e faturamento de R$ 2,98 bilhões em 2012, da qual faz parte a Editora Abril. Fundada em 1950 pelo pai de Roberto, a editora publica 52 títulos, entre eles as revistas "Exame", "Claudia", "Playboy", "Quatro Rodas" e "Placar".
Zanone Fraissat - 8.out.2012/Folhapress
Roberto Civita, presidente do grupo Abril, na Sala São Paulo, em outubro de 2012
Roberto Civita, presidente do grupo Abril, na Sala São Paulo, em outubro de 2012
Em entrevista ao jornal "Valor Econômico" em 2012, ao falar sobre as reações fortes provocadas pela "Veja", revista que com o passar dos anos se tornou mais assertiva e polêmica em suas posições editoriais, Roberto Civita defendeu o título.
"Se você não está gerando reações fortes, está fazendo algo errado. Não acredito em imprensa que quer agradar a todo mundo. Por que você faz uma revista? Só para ganhar dinheiro? Eu acho que vem junto uma responsabilidade. Eu falo isso há 50 anos... Para todo mundo. Para os meus filhos. Eles não gostam, mas eu falo. Se você não quer ter a responsabilidade, vai fazer álcool, vai plantar batata."
Filho do empresário Victor Civita e de Sylvana Alcorso, Roberto Civita nasceu em Milão em 9 de agosto de 1936. Três anos depois, sua família abandonou a Itália quando o regime fascista intensificou a perseguição contra os judeus. Em 1939, partiram para Londres, onde nasceu Richard, irmão de Robert, e a seguir foram para os Estados Unidos.
A família viveu dez anos nos EUA, país em que seu pai se tornou sócio de uma fábrica de embalagens. Em 1949, visitou a Itália, onde Victor reencontrou seu irmão César, que havia se estabelecido na Argentina e lá editava a revista "El Pato Donald", sob licença da Disney. César lhe disse que o Brasil lhe parecia um mercado promissor. Victor viajou com o irmão para conhecer sua editora na Argentina e, ainda em 1949, estabeleceu-se em São Paulo.
Sua família o seguiu em 1950, quando Victor lançou a edição brasileira de "O Pato Donald". Roberto concluiu o segundo grau em São Paulo e logo voltou aos EUA. Entrou em física nuclear no Texas, mas se arrependeu e se transferiu para a Universidade da Pensilvânia, onde se formou em economia pela Wharton Business School em 1957, especializando-se em jornalismo com um estágio na revista "Time".
Retornou ao Brasil em 1958 para trabalhar na editora do pai. Em 1966 Roberto lançou a revista "Realidade", inspirada na revista "Life". Um ano depois criou "Exame", inspirada na "Fortune". Em 1968 lançou "Veja" e em 1975 criou a "Playboy" brasileira.
Em 1982, o conglomerado foi dividido, e Roberto ficou com as revistas. Após a morte do pai, em 1990, procurou diversificar o grupo: criou a MTV em 1990, a TVA em 1991 e a DirectTV em 1996. As dívidas contraídas, porém, o obrigaram a se desfazer de parte dos empreendimentos. Em 1999, saiu da DirectTV e, em 2012, desfez-se da TVA.
Em 2006, associou-se ao grupo sul-africano Naspers. Na entrevista ao "Valor", Roberto definiu o sócio estrangeiro como "gentil, afetuoso e amigo": "Eles têm 30%, menos na [Abril] Educação, e não se metem." Parte do Grupo Abril, a unidade de educação teve receita líquida de R$ 883,5 milhões no ano passado.
Roberto Civita deixa a mulher, Maria Antonia Magalhães Civita, os filhos Giancarlo Civita, Victor Civita Neto e Roberta Anamaria Civita, e seis netos.

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