sábado, 12 de julho de 2014

RAY WHELAN - MATCH.

Será esse o homem que vai derrubar Sepp Blatter?


CEO da Match, associada da FIFA que tem exclusividade de venda de ingressos da Copa, vai ter que abrir o bico
Por ironia Ray foi preso no mesmo hotel que já encantou Rita Hayworth e Marilyn Monroe, a princesa Diana e Mick Jagger! Foto: Conexão Jornalismo
  • sex, 11/07/2014 - 19:30
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Agência Pública, por Andrew Jennings -


 A queda, quase impossível de assimilar, está na expressão perplexa de Ray Whelan. Em apenas alguns minutos, ele despencou do luxuoso Hotel Copacabana, onde desfrutava da companhia agradável dos que mandam no futebol, a um carro de polícia – “Venha por aqui, senhor” – e dali para uma noite em uma cela na 18ª Delegacia de Polícia. Os próximos passos serão um interrogatório, em breve, e quem sabe um julgamento seguido de anos em uma das terríveis prisões brasileiras.
Ray Whelan vai ter que abrir o bico. Ele sabe tudo o que se pode saber sobre a gangue dos ingressos da Copa do Mundo. Ele sabe qual dos dirigentes do futebol recebe as pilhas de ingressos para revender no mercado negro. Ele está no coração desse negócio há quase duas décadas.
E Ray terá que falar sobre a relação íntima entre o presidente da Fifa, Sepp Blatter, e a empresa familiar, controlada pelos irmãos mexicanos Jaime e Enrique Byrom em seu escritório em Manchester, na Inglaterra, que mais uma vez ganharam os contratos para controlar a venda absoluta e exclusiva de todos os 3 milhões de ingressos para os 64 jogos da Copa.
A decisão crucial de quem fica com esse contrato é de Blatter, que gerencia a FIFA desde 1981 – primeiro como secretário geral e a partir de 1998 como presidente. Ele domina o Comitê Executivo e é fartamente recompensado pelo seu trabalho. Tudo que ele decide, eles assinam embaixo. Nos últimos três anos, sete deles tiveram que sair sob denúncias de corrupção. A reputação da FIFA nunca esteve tão suja.
Os irmãos, ambos nos seus 60 anos, recebem as ordens, decidem quem são os sortudos da vez, e dividem grandes lotes de ingressos entre os aliados de Blatter e seus clientes no mercado negro. Daí a FIFA anuncia que ela é “a polícia” dos ingressos, e que vai investigar as vendas “não autorizadas”.
Ray, que completou 64 no ano passado, vive com a irmã dos Byrom, Ivy, na cidade de Stockport, em Manchester. Ray sabe como eles compraram a Match, que vende os ingressos para aquelas caríssimas salas envidraçadas VIPs em todos os estádios “Padrão FIFA”. E o Ray sabe muito bem por que – e como – uma parcela da parte mais lucrativa do negócio foi desviada para o bolso do sobrinho de Blatter, Philippe, que tem 5% das ações da Match.
Por ironia Ray foi preso no mesmo hotel que já encantou Rita Hayworth e Marilyn Monroe, a princesa Diana e Mick Jagger!
Para ajudar os Byrom Brothers e Ray a garantir os serviços de acomodação da Copa, a FIFA lhes deu um empréstimo de cerca de US$ 10 milhões, sem juros, para ser pago em janeiro do próximo ano.
Os investigadores da polícia vão querer saber tudo sobre isso. Não são os mesmo policiais brutais que estão nas ruas do Rio prontos para jogar bombas de gás lacrimogêneo e bater naqueles que protestam contra os gastos da Copa e a corrupção. São trabalhadores sofisticados, investigadores de fraudes, que passaram três meses monitorando a venda de ingressos, interceptando legalmente ligações telefônicas e agora estão expondo a corrupção intrínseca que mancha a FIFA. A prisão de Ray pode ter acontecido porque ele fez alguns telefonemas a mais…
Fabio Barucke, o delegado da Polícia Civil do Rio que está liderando a investigação da ligação entre os dirigentes da FIFA, os distribuidores oficiais de ingressos e as vendas no mercado negro, disse que a FIFA distribui enormes quantidades de ingressos para seus patrocinadores e parceiros, garantindo a escassez de ingressos para o público e incentivando os cambistas. “Só uma pequena parte foi destinada ao povo“, o delegador afirmou em uma coletiva de imprensa na última semana.
Ray Whelan se une agora aos outros 11 detidos na semana passada. O líder Mohamadou Lamine Fofana, de 57 anos, suspeito de liderar a quadrilha desde a Copa de 2002, exibe orgulhosamente uma foto sua com Sepp Blatter no seu site.
Ray não estava ainda no esquema quando os irmãos Byrom entraram no negócio dos ingressos na Copa de 1986 no México. Eles foram favorecidos pelo ex-presidente da FIFA, João Havelange, e o negócio decolou. Estabeleceram uma empresa na Ilha de Mann, e contas bancárias internacionais. Anos depois, Ray se envolveu com a irmã Ivy Byrom, e então se tornou o “terceiro irmão” nessa pequena empresa.
Em 2003, apesar dos problemas em Copas anteriores, Sepp Blatter deu aos mexicanos Jaime e Enrique o contrato para vender ingressos para a Copa do Mundo no Brasil. Eles separaram 450.000 dos melhores ingressos para vender em pacotes de hospitalidade através da famigerada Match para os torcedores endinheirados, incluindo 24 mil para as partidas das Semifinais e 12 mil para a Final.
As regras da própria FIFA proíbem a revenda de ingressos com ágio – o cambismo. Mas nesta semana, ingressos dos pacotes de hospitalidade para a Final podem ser comprados pela internet por US$27.500, e ingressos normais, por US$11.000. Seja quem for que os está vendendo, eles só podem ter sua origem no escritório dos Byrom em Manchester.
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Foto: Eny Miranda/GOVERJ
Quem investiga o quê?
Em 2006 os Byroms foram pegos entregando mais de 5 mil ingressos para o vice-presidente da FIFA, Jack Warner, vender no mercado negro. Apesar da quebra escandalosa das próprias regras da FIFA, nenhuma atitude foi tomada contra os Byroms ou Warner.
Por incrível que pareça, eles fizerem tudo de novo na África do Sul em 2010, fornecendo mais ingressos para Warner vender para grandes cambistas do mercado negro internacional. A correspondência confidencial por e-mail foi copiada, descaradamente, para a FIFA e a empresa Infront, de Philippe Blatter. De novo, nenhuma providência foi tomada. Warner teve que sair da FIFA um ano depois por outras acusações de corrupção.
Mas para os irmãos Byrom, a FIFA é um pote de ouro infindável. Em novembro de 2011 os contratos de hospitalidade com a Match foram estendidos até 2023 “após uma avaliação do mercado” pela FIFA.
Disse Blatter: “O acordo fortalece a luta da FIFA contra o cambismo. Graças à sua expertise e sistema de monitoramento, a Match Hospitality está em posição de ajudar a FIFA a adotar procedimentos na venda de pacotes de hospitalidade, impedindo vendedores não autorizados a enganar corporações e indivíduos lhes vendendo esses pacotes”.
Os Byroms anunciaram essa semana que a FIFA pediu que eles mesmos investiguem a revenda de pacotes de hospitalidade.
Um ingresso em nome de Humberto Grondona, filho do vice-presidente da FIFA, o argentino Julio Grondona, foi encontrado à venda em São Paulo. Os dirigentes da FIFA disseram que ele não será investigado porque afirmou ter dado o ingresso, e não vendido.
Uma nota da Match afirmou que a empresa “tem fé” que os fatos irão demonstrar que Ray Whelen “não violou nenhuma lei”.



Copa do Mundo 2014


autor

Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo

segunda-feira, 7 de julho de 2014

REGRAS SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES


Cancelamento automático de serviços de telecom entra em vigor amanhã

Da Redação
07/07/2014 - 13h57 - Atualizada em 07/07/2014 - 16h01


Clientes vão poder cancelar os serviços de banda larga, telefonia e TV a cabo sem falar com os atendentes do call-center. Além disso, as promoções passarão a valer para todos, novos e antigos assinantes
Entra em vigor nesta terça-feira, 8/7, várias das regras de atendimento aos clientes previstas no Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços Telecomunicações (RGC), que aumenta a transparência nas relações de consumo e amplia os direitos de quem utiliza telefonia fixa e móvel, banda larga e televisão por assinatura.
Entre as novidades está a entrada em vigor da oção de cancelamento automático dos serviços, sem que seja necessário falar com os atendentes da operadora. O cancelamento automático deverá ser processado pela operadora em, no máximo, dois dias úteis. Se o cliente quiser, o cancelamento também pode ser efetuado por meio de atendente.
A Anatel espera que a regra torne mais simples para o consumidor cancelar um serviço de telecomunicações. O cliente poderá cancelar seu serviço por meio da internet ou simplesmente digitando uma opção no menu na central de atendimento telefônico da prestadora.
A facilidade para contestar cobranças também começa a valer a partir de amanhã. Sempre que o consumidor questionar o valor ou o motivo de uma cobrança, a empresa terá 30 dias para lhe dar uma resposta. Se não responder neste prazo, a prestadora deve automaticamente corrigir a fatura (caso ela ainda não tenha sido paga) ou devolver em dobro o valor questionado (caso a fatura já tenha sido paga). O consumidor pode questionar faturas com até três anos de emissão.
Confira outros três direitos que começam a valer a partir desta terça-feira.
Validade mínima de 30 dias para crédito de celular pré-pago 
Todas as recargas de telefonia celular na modalidade de pré-pago terão validade mínima de 30 dias. Atualmente, são oferecidos créditos com períodos de validade inferior, o que confunde o consumidor. As operadoras deverão ainda oferecer duas outras opções de prazo de validade de créditos, de 90 e 180 dias. Estas opções devem estar disponíveis tanto nas lojas próprias como em estabelecimentos que estão eletronicamente ligados à rede da operadora (supermercados, por exemplo). O usuário também deverá ser avisado pela prestadora sempre que seus créditos estiverem na iminência de expirar. Os pré-pagos representam 78% da base de acessos móveis do País. .
Promoções passam a valer para todos: novos e antigos assinantes 
Atualmente, muitas operadoras fazem ofertas promocionais (com preços mais baixos, ou mesmo com algumas gratuidades) para captar novos assinantes, mas não oferecem as mesmas condições para aqueles que já assinam os seus serviços. Com o novo regulamento, qualquer um - assinante ou não - tem direito a aderir a qualquer promoção que for anunciada pela operadora, na área geográfica da oferta. Caso já seja cliente, o interessado em mudar de plano precisa ficar atento sobre eventual multa decorrente da fidelização do seu plano atual.
Mais transparência na oferta dos serviços 
Antes de formalizar a contratação de qualquer serviço, as operadoras deverão apresentar ao potencial cliente, de forma clara e organizada, um sumário com as informações sobre a oferta. As empresas devem informar, por exemplo, se o valor inicial é ou não uma promoção - e, caso seja promoção, até quando ela vale e qual será o valor do serviço quando ela terminar. Também devem deixar claros, entre outros pontos, os seguintes: quanto tempo demora até a instalação do serviço; o que está incluído nas franquias e o que está fora delas, e; quais velocidades mínima e média garantidas para conexão, no caso de internet.