sábado, 29 de junho de 2013

MAIS UMA VEZ ... A MORTE DE UM INOCENTE !

29/06/2013 - 19h09

Polícia prende segundo suspeito de matar criança boliviana na zona leste de SP

 
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
 
Atualizado às 21h27.
 
A polícia prendeu um rapaz de 18 anos suspeito de participar do assassinato do boliviano Brayan Yanarico Capcha, de 5 anos, durante assalto à casa de sua família na madrugada de sexta (28), em São Mateus, na zona leste de São Paulo.
Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), ele é o segundo preso por suspeita de envolvimento no caso neste sábado (29).
A polícia afirmou que Paulo Ricardo Martins, 19, e Felipe dos Santos Lima, 18, foram reconhecidos por testemunhas. Martins, disse a polícia, confessou participação no assalto, mas alegou o disparo que matou Brayan foi dado por um adolescente. Já Lima afirma ser inocente.
Martins também apontou três outros comparsas, que passaram a ser procurados pelos policiais, mas ainda não foram localizados --a polícia não informou se havia ou não um sexto assaltante, como divulgado na sexta (28).
A Folha não conseguiu contato com defensores dos dois acusados presos.
Segundo a polícia, os assaltantes invadiram a casa quando um tio de Brayan estacionava, chegando de uma entrega de roupas. No imóvel moravam 11 bolivianos (quatro casais de costureiros e três crianças, incluindo Brayan).
Brayan, a mãe e o pai, Edberto Yanarico Quiuchaca, 28, foram levados para a parte de cima do sobrado. Os demais moradores ficaram no térreo, com parte dos ladrões.
A mãe de Brayan entregou R$ 3.500 aos ladrões. O cunhado dela, abordado na garagem, tinha mais R$ 1.000.
Segundo a mãe do menino, a costureira Veronica Capcha Mamani, 24, os ladrões, insatisfeitos com os R$ 4.500 entregues, deram um tiro na cabeça do menino, que chorava.
O cônsul-geral da Bolívia, Jaime Valdívia, classificou o assassinato do menino como um crime hediondo: "Somos respeitosos às leis brasileiras. Queremos que a polícia encontre o criminoso."
Natural da província de Omasuyos, a família de Brayan chegou ao Brasil há cerca de seis meses. Vieram a convite de um tio da criança para trabalhar como costureiros na casa onde ocorreu o crime.
Segundo Felipe Prado, representante do Consulado Boliviano, a família de Brayan mora legalmente no Brasil e já protocolou um pedido de obtenção do RNE (Registro Nacional de Estrangeiro).

segunda-feira, 24 de junho de 2013

GOVERNO E CUSTOS DOS NOVOS ESTÁDIOS

Ao contrário do que diz Dilma, União põe R$ 1,1 bi em estádios da Copa

Rodrigo Mattos*
Do UOL, no Rio de Janeiro
  • Jefferson Bernardes/VIPCOMM
    Jogo de abertura no Estádio Mané Garrincha, que tem recursos federais na construção Jogo de abertura no Estádio Mané Garrincha, que tem recursos federais na construção

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Ao contrário do que afirmou a presidente da República, Dilma Rousseff, em pronunciamento na sexta-feira, há sim dinheiro federal em obras de estádios da Copa de 2014. E não é pouco. Somados os incentivos fiscais, subsídios em empréstimos e até participação em arenas, a União já comprometeu R$ 1,1 bilhão com os locais para jogos do Mundial.
Em cadeia nacional, Dilma afirmou que: "Em relação à Copa, quero esclarecer que o dinheiro do governo federal, gasto com as arenas, é fruto de financiamento que será devidamente pago pelas empresas e governos que estão explorando estes estádios. Jamais permitiria que esses recursos saíssem do orçamento público federal, prejudicando setores prioritários como a Saúde e a Educação."
Mas não é bem assim. Os empréstimos para as obras das arenas foram concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com juros subsidiados, ou seja, mais baixos que o normal. Para facilitar a construção ou reforma dos estádios, o banco estatal abriu mão de R$ 189 milhões, valor que poderia ser aplicado em outros financiamentos para outros projetos.

Esse cálculo foi feito por uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União). O órgão também já identificou que as isenções de impostos federais concedidas pelo governo às construtoras responsáveis pelas obras dos estádios da Copa somam R$ 329 milhões.
Foi o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antecessor e aliado de Dilma, quem concedeu os incentivos fiscais às empreiteiras dos estádios. Em dezembro de 2010, ele assinou a lei 12.350 e as liberou do pagamento de PIS/Pasep, Cofins, Imposto sobre Produção Industrial, e taxas de importação sobre às construções de arenas da Copa.
Os 12 estádios da Copa aderiram ao programa Recopa, que concede os benefícios. Só com a Arena Pantanal, por exemplo, o governo já abriu mão de R$ 16 milhões em impostos por conta do Recopa. Isso representa em torno de 4,5% do valor da obra contratada do estádio.

FIFA GANHA ISENÇÃO E TRABALHADOR PAGA CONTA

  • Christof Koepsel/Getty Images Enquanto a Fifa e as empresas parceiras da entidade estão livres do pagamento de impostos na realização da Copa das Confederações deste ano e da Copa do Mundo de 2014, o mesmo não pode ser dito sobre os trabalhadores brasileiros que prestarem serviço na organização desses eventos. Quem for contratado diretamente pela Fifa ou suas empresas estrangeiras parceiras, além de ter que recolher normalmente sua parte, inclusive do imposto de renda, ainda será obrigado a pagar uma parte do imposto que caberia à entidade máxima do futebol ou suas parceiras.
Sociedade em Brasília
Os recursos federais ainda são responsáveis por 49% da reforma do Estádio Nacional de Brasília, o mais caro do Mundial. Isso porque a Terracap, empresa pública gestora do estádio, pertence 51% ao governo do Distrito Federal e 49% ao governo federal. O Conselho de Administração da Terracap, que toma as decisões da companhia, tem quatro membros indicados pela União e cinco pelo GDF.
Foi esse conselho que aprovou a aplicação dos recursos no estádio brasiliense. Isso aconteceu em 2011, já no governo de Dilma. De lá pra cá, o custo oficial só da obra da arena atingiu R$ 1,2 bilhão. Por causa da sociedade entre GDF e União, pode-se dizer que R$ 600 milhões são de recursos federais.
Vale lembrar que o Tribunal de Contas do Distrito Federal já informou que o Estádio de Brasília custa R$ 1,7 bilhão. A Receita Federal também divulgou que só a Fifa e suas parceiras ganharam R$ 559 milhões em isenção de impostos para realizarem a Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
O UOL Esporte tentou ouvir o Ministério do Esporte no último sábado sobre a aplicação de recursos federais em estádios da Copa. Não obteve resposta.
*Com colaboração de Vinicius Konchinski, do UOL, no Rio de Janeiro




Dilma isenta União e governos locais assumem 82% do custo de estádios da Copa

Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
  • Daniel Marenco/Folhapress
    Maracanã, o segundo estádio mais caro da Copa, será totalmente pago pelo governo do Rio de Janeiro Maracanã, o segundo estádio mais caro da Copa, será totalmente pago pelo governo do Rio de Janeiro

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Em meio a uma onda de protestos no país, a presidente Dilma Rousseff fez um pronunciamento em cadeia nacional para "esclarecer" a aplicação de recursos federais em estádios da Copa do Mundo de 2014. Apesar de a União já ter comprometido cerca de R$ 1,1 bilhão com as arenas do Mundial, a presidente disse que esses recursos não saíram do orçamento federal e, portanto, não haveria prejuízo em investimentos na saúde e educação.
Acontece que, se a maior parte dos recursos usados nas obras dos estádios não saiu dos cofres federais, isso não quer dizer que não saiu dos cofres públicos. Isso porque mais de 82% dos gastos com os estádios da Copa de 2014 serão pagos com verbas ou incentivos fiscais vindos de Estados ou cidades-sede do torneio da Fifa, ou seja, com dinheiro público.
Atualmente, a construção ou reforma das arenas para o Mundial já custam R$ 8,3 bilhões (confira os valores abaixo). Desse total, cerca de R$ 6,3 bilhões (76%) sairão dos cofres dos 12 Estados da Copa, e R$ 543 milhões (6%) vêm dos municípios. Outros R$ 841 milhões (10%) serão pagos por empresas ou clubes, usando dinheiro emprestado com subsídios pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Já os cerca de R$ 600 milhões restantes (9%) virão da venda de terrenos da União no Distrito Federal para o pagamento da reconstrução do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília.
A participação do governo federal em estádios da Copa do Mundo ainda inclui R$ 329 milhões em isenção de impostos federais às construtoras que trabalham nos estádios e parte dos R$ 189 milhões que o BNDES abriu mão para oferecer financiamentos a juros abaixo do mercado para quem tocava obras para o Mundial. Os valores foram apurados por uma auditoria do TCU. Não entram no custo total dos estádios da Copa porque, na verdade, são descontos no orçamento arcados com recursos federais.
Ainda assim, o que o governo federal colocou nas arenas é menos que Estados ou municípios comprometeram.

CONFIRA QUANTO ESTADOS E MUNICÍPIOS INVESTIRAM NOS ESTÁDIOS

Estádio/Cidade-sedeOrçamentoInvestimento estadualInvestimento municipalInvestimento privado
Mineirão (Belo Horizonte)R$ 695 miR$ 695 mi-Parceira Público-Privada
Mané Garrincha (Brasília)R$ 1,7 bi*R$ 1,1 bi**--
Arena Pantanal (Cuiabá)R$ 525 miR$ 525 mi--
Arena da Baixada (Curitiba)R$ 234 mi-R$ 123 miR$ 111 mi
Castelão (Fortaleza)R$ 519 miR$ 519 mi-Parceira Público-Privada
Arena Amazônia (Manaus)R$ 583 miR$ 583 mi--
Arena das Dunas (Natal)R$ 417 miR$ 417 mi-Parceira Público-Privada
Beira Rio (Porto Alegre)R$ 330 mi--R$ 330 mi
Arena Pernambuco (Recife)R$ 532 miR$ 532 mi-Parceira Público-Privada
Maracanã (Rio de Janeiro)R$ 1,2 biR$ 1,2 bi--
Fonte Nova (Salvador)R$ 689 miR$ 689 mi-Parceira Público-Privada
Itaquerão (São Paulo)R$ 820 miArquibancas móveisR$ 420 miR$ 400 mi
TotalR$ 8,3 biR$ 6,3 biR$ 543 miR$ 841 mi
  • *Custo de acordo com o Tribunal de Contas do DF // **Valor sem a participação federal
O Maracanã, por exemplo, é o segundo estádio mais caro da Copa do Mundo, atrás do Mané Garrincha. Juntando todos os contratos da reforma, o contrato para gerenciamento da obra e as correções monetárias pagas, a adequação da arena para o Mundial da Fifa já custa cerca de R$ 1,2 bilhão. Todo esse dinheiro será pago pelo governo do Rio de Janeiro.
Governos estaduais também vão bancar 100% da obra da Arena Pantanal, em Cuiabá, e da Arena Amazônia, em Manaus.
Os cofres estaduais também são a grande fonte de recursos do Mineirão, em Belo Horizonte; Castelão, em Fortaleza; Arena das Dunas, em Natal; Arena Pernambuco, em Recife; e Fonte Nova, em Salvador. Neste caso, o governo do Estado fez parcerias público-privadas para que empresas construíssem as arenas e as administrassem após a obra.
Municípios aplicou recursos com dois estádios do Mundial: Arena da Baixada, em Curitiba, e Itaquerão, em São Paulo. Em ambos os casos, a prefeitura se comprometeu a emitir títulos que serão repassados às construtoras das arenas. Esses títulos valem milhões e, portanto, são valores que a cidade gerou para incentivar as obras para a Copa.
Só o Beira-Rio não têm recursos do Estado ou município. A reforma do estádio de Porto Alegre será custeada pelo Inter e a construtora Andrade Gutierrez. A empreiteira conseguiu um empréstimo do BNDES e não pagará impostos federais referentes à obra porque foi incluída no programa de incentivos fiscais a obras de estádios criado pelo governo federal, o Recopa.

RAIO-X DOS ESTÁDIOS DA COPA DO MUNDO DE 2014

  • Jefferson Bernardes/VIPCOMM Confira o infográfico sobre as obras das arenas do Mundial de 2014
Respostas
No domingo, após o UOL Esporte revelar o investimento federal em estádio da Copa do Mundo de 2014, o Ministério do Esporte informou em nota que a União não investiu um centavo em arenas. Segundo o órgão, as isenções fiscais e os subsídios em empréstimos não podem ser considerados gastos com as obras, ao contrário do que diz o TCU. O uso de verbas advindas de venda de terrenos da União também não deveria ser contabilizada já que não passou pelo orçamento.
O UOL Esporte chegou a questionar o ministério sobre a venda dos terrenos após a divulgação da nota. O órgão recusou-se a prestar mais esclarecimentos.
O governo do Distrito Federal também questionou o valor da obra de reconstrução do Mané Garrincha. Apesar de o Tribunal de Contas distrital dizer que arena custa R$ 1,778 bilhão, o governo informa que ela custa R$ 1,2 bilhão.
O restante dos valores utilizados pelo UOL Esporte na conta do custo dos estádios da Copa está informado na Matriz de Responsabilidades da Copa Mundo ou em comunicados dos próprios responsáveis pelas obras dos estádios.

domingo, 23 de junho de 2013

EMPRESÁRIOS DE ONIBUS E TRANSPORTES PÚBLICOS.

Política| 23/06/2013 | Copyleft

E os empresários de ônibus?

Um ator foi praticamente esquecido nos protestos das últimas semanas: o empresário de ônibus. E não é preciso um esforço muito grande para perceber que o atual modelo redistribui renda a favor dos empresários. Os prefeitos, ao que parece, estão dispostos a assumir todo o ônus da redução, ou no máximo compartilhá-lo com outras esferas da administração pública, mas jamais com os empresários. Por Victor Leonardo de Araújo, da UFF

  •                 
Nos protestos que tomaram conta do país nos últimos dias, um ator foi praticamente esquecido: o empresário de ônibus. Entre os prefeitos que anunciaram redução da tarifa – ou melhor, o retorno da tarifa ao preço vigente antes dos aumentos – um elemento era comum ao discurso de todos: a passagem mais barata para o usuário é custeada pelo poder público na forma de subsídio às empresas, e por isso a alocação de maiores recursos nesses subsídios necessariamente implicará em corte de outras despesas – provavelmente os investimentos, que constitui a parte dos orçamentos de maior discricionariedade. A outra alternativa seria a criação de impostos ou contribuições adicionais, descartada devido à dificuldade política que propostas desta natureza embutem, neste momento delicado. A agenda foi permeada pelos debates a respeito da inexistência de uma política de transportes públicos, e na baixa qualidade do serviço ofertado à população. É evidente que a enorme insatisfação enseja um debate maior a respeito da ocupação do espaço urbano e na busca por soluções duradouras. Mas curiosamente, a solução para a demanda mais imediata, que foi a revogação do aumento da tarifa, foi encaminhada sem chamar à mesa o empresário de ônibus. Este ator ficou esquecido, como se não fosse ele o provedor do principal serviço de transporte coletivo urbano.

Até a tarde de sexta-feira, dia 21/06, a página principal da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) não registrava qualquer nota a respeito dos protestos ocorridos, como se nenhuma relação tivesse com os protestos. A mesma omissão observava-se na página do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo.

Quando se assume a priori que tarifas menores implicam subsídios maiores e cortes em outras modalidades de gastos, assume-se como dada a margem de lucro do empresário de ônibus, algo em que não se pode mexer. A revogação do aumento de passagem não acarretou nenhum ônus ao empresário de ônibus. O ônus recai inteiramente sobre as finanças públicas – e à população, que, na lógica perversa já assumida pelos prefeitos, terá que aceitar que menos recursos públicos sejam alocados em outros serviços essenciais.

Não é preciso um esforço muito grande para perceber que o atual modelo redistribui renda a favor dos empresários. O sistema tributário já é regressivo, porque a estrutura tributária é preponderantemente concentrada em impostos que recaem sobre a produção e o consumo, em vez de recaírem sobre a propriedade. Para as finanças públicas municipais, o quadro é ainda mais perverso, porque os municípios têm pouca capacidade de tributar a propriedade. Em suma, apenas uma parte muito pequena do custo do subsídio recai sobre os mais ricos – os que têm maior capacidade de pagamento e que utilizam-se de veículos particulares em seu transporte, e que por isso teriam de arcar com o maior custo. E o que é pior: a manutenção da margem de lucro do empresário de ônibus, mesmo depois de um momento de forte turbulência social, revela o enorme poder que este segmento possui. Os prefeitos, ao que parece, estão dispostos a assumir todo o ônus da redução, ou no máximo compartilhá-lo com outras esferas da administração pública, mas jamais com os empresários.

O quadro fica ainda mais grave quando se tem em conta que, de janeiro de 2000 a maio de 2013, o preços dos transportes urbanos subiram sistematicamente acima da inflação média. Os dados são os seguintes: a inflação acumulada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período mencionado foi de 133%; o sub-item ônibus urbano subiu 197%, e ônibus intermunicipal subiu 193%. Em 9 de 13 anos o sub-item ônibus urbano subiu mais que a média do IPCA, e desde 2006 sobe mais que o sub-item óleo diesel – salvo, curiosamente, os anos em que ocorrem eleições municipais, como em 2008 e 2012. Como a estrutura salarial dos motoristas, cobradores e fiscais aproxima-se das faixas salariais mais baixas – oscilando em torno de 1 a 3 salários mínimos – não é difícil inferir que o setor opera com margens elevadas.

Entretanto, as conclusões precisas somente serão feitas se as famigeradas planilhas de custos do setor (perdoem-me pelo lugar-comum) forem abertas e expostas à sociedade depois de devidamente investigadas em comissões parlamentares de inquérito e auditorias externas.

* Professor da Faculdade de Economia da UFF. E-mail: victor_araujo@terra.com.br


Fotos: EBC

CUIDADOS NA EMPRESA AO UTILIZAR A INTERNET !

Por que a empresa pode monitorar o que você faz na internet
Empregadores têm o direito de controlar até contas de e-mails pessoais e redes sociais no ambiente corporativo
Mariana Fonseca
sexta-feira, 21 de junho de 2013
                                                     

                            
 


                    

Por que a empresa pode monitorar o que você faz na internet









Um e-mail mal interpretado. Foi isso que mudou o rumo da carreira de Márcia (nome trocado a pedido da entrevistada), consultora de RH. Quando tinha um ano de empresa, ela recebeu um e-mail de alguém desconhecido que queria saber o número de clientes que a empresa atendia. Ela sabia que era monitorada pela empresa em tudo o que fazia na internet, mas, como pensou que fosse uma informação simples, passou sem se preocupar muito com o assunto.

Menos de uma semana depois, foi chamada para uma conversa com o gestor. “Ele me perguntou quem tinha me autorizado a passar aquela informação”, conta ela, que explicou ao gestor que não tinha pedido autorização a ninguém porque não imaginou que fosse um dado sigiloso. A explicação só piorou a situação... No ápice da conversa, a consultora foi demitida por vazamento de informações da empresa. Isso porque o e-mail que ela respondeu sem muita preocupação era da empresa concorrente e gerou uma confusão daquelas.
 
Um espião entre nós - A falha de Marcia foi descoberta por conta do monitoramento do uso da internet no ambiente corporativo, recurso que a empresa tem total direito de utilizar, segundo Alexandre Atheniense, advogado especialista em Direito e Tecnologia da Informação. “O artigo II da CLT assegura que o empregador pode exercer o seu poder diretivo, ou seja, pode controlar as informações que circulam dentro da empresa”, diz ele. A lição ela aprendeu bem: “Todo o cuidado é pouco com o que fazemos na rede da empresa”, diz ela.

Segundo o advogado, os empregadores fazem esse monitoramento exatamente para proteger o patrimônio e evitar vazamento de informações, como ocorreu na história de Marcia. “A corporação pode ter acesso a tudo que acontece no ambiente corporativo, por isso, ela pode controlar até mesmo contas de e-mails pessoais e redes sociais”.


Jogando limpo – Para controlar o acesso à internet, a empresa deve informar aos profissionais que eles estão sendo vigiados. “O empregador deve comunicar que o monitoramento é realizado e explicitar quais são os deveres do empregado em relação ao uso da internet”, diz o especialista.

De acordo com o advogado, o profissional deve ter consciência de que todas as informações que ele digita ou utiliza jamais serão particulares. Para não cair na armadilha do monitoramento, Alexandre sugere que o profissional pense cautelosamente antes de escrever um email ou publicar algo nas redes sociais. “O segredo para não ser punido é não agir por impulso. A maioria dos profissionais que recebe advertência sobre mau comportamento online não pensa antes de agir”.

Apesar dos direitos legais das companhias, existem algumas restrições no monitoramento online. “O empregador pode rastrear o e-mail pessoal do profissional, porém, não pode expor e nem tomar decisões com base em informações pessoais”, explica Alexandre.


CUIDADOS NA EMPRESA AO UTILIZAR  INTERNET !

ARRASTÕES


23/06/2013 - 18h19

Restaurante de comida japonesa sofre arrastão no Morumbi

 
 
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Dois homens fizeram um arrastão no restaurante de comida japonesa Nakato, no Morumbi, zona sul de São Paulo, na noite de sábado (22). Meia hora antes, por volta das 22h, o The Fifties era invadido em Moema, na zona oeste, por seis assaltantes.
O arrastão no restaurante Nakato, que fica na rua Dr. Cloves de Oliveira, aconteceu às 22h30 quando dois homens invadiram o local recolhendo objetos das vítimas, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública).
Os criminosos levaram bolsas, carteiras, celulares, cartões, documentos, cheque, óculos, relógios e cerca de R$ 3 mil, de acordo com a Polícia Civil.
Em seguida, eles fugiram em uma Tucson preta que os aguardava próximo ao restaurante. Um comparsa dirigia o carro.
Oito vítimas registraram boletim de ocorrência e foram orientadas pela polícia a realizar um reconhecimento fotográfico dos criminosos na segunda-feira (24).
A delegada Milena Suegama foi ao restaurante coletar informações sobre o arrastarão, mas o estabelecimento estava fechado.
O caso foi registrado no 89º DP (Morumbi), mas será investigado pelo 34º DP (Vila Sônia).

MOEMA
O restaurante The Fifties, na alameda Jauaperi, em Moema, zona oeste de São Paulo, sofreu um arrastão na noite deste sábado (22), por volta das 22h.
A casa especializada em hambúrgueres, que tem dois andares e capacidade para 200 pessoas, estava lotada no momento do roubo. Havia muitas crianças no local.

Divulgação
Ambiente do Fifties em Moema
Ambiente do Fifties em Moema
Segundo clientes, o crime foi "relâmpago". Em poucos minutos, seis homens armados armado com revólveres e pistolas passaram pelas mesas que estavam mais próximas da porta de entrada e levaram bolsas, carteiras, celulares, relógios e dinheiro dos clientes.
Dez clientes que estavam no restaurante registraram boletim de ocorrência. Elas disseram que muitos clientes não acharam necessário informar o crime à polícia. Nenhum criminoso havia sido identificado até o início da noite deste domingo.

Em meio a onda de arrastões, chefs apoiam protesto contra violência em SP
A delegada Leslie Taramtetrus, responsável pelo registro da ocorrência, disse que o restaurante vai entregar as imagens gravadas do circuito interno de câmeras do local para auxiliar as investigações.
Além de objetos de valor de clientes, os bandidos também levaram o dinheiro que estava no caixa do restaurante. A loja não soube estimar quanto em dinheiro foi levado.
Testemunhas disseram não saber como os bandidos chegaram, mas que eles conversaram entre si sobre "prepararem as motos" momentos antes da fuga. Alguns clientes chegaram a pensar que os bandidos, que usaram lenços para cobrir parcialmente o rosto, eram manifestantes.
O caso também será investigado por policiais do Deic (Departamento de Investigações ao Crime Organizado).

OUTROS CASOS

Com este caso, São Paulo registra ao menos 24 arrastões a bares e restaurantes neste ano. Há duas semanas, criminosos armados invadiram um bar e fizeram um arrastão na Vila Olímpia, também na zona sul. Segundo a Polícia Militar, o bando levou celulares, dinheiro, entre outros pertences dos clientes.
Editoria de Arte/Folhapress

 
O crime aconteceu por volta das 22h30, no bar Street Brahma.

No dia 31 de maio outro restaurante da zona sul da capital foi alvo de bandidos. Três homens armados invadiram o restaurante Ruella, na rua João Cachoeira, renderam os seguranças e os manobristas e assaltaram os clientes.
Das 80 pessoas que estavam no local, cerca de 20 tiveram os seus pertences roubados pelos criminosos. Entre as vítimas estava o jornalista e apresentador do "CQC", da Band, Felipe Andreoli. (ADRIANA FARIAS)

MANIFESTAÇÕES : ATROPELAMENTO E MORTE EM RIBEIRÃO PRETO !

Empresário que atropelou e matou em Ribeirão (SP) não será punido, diz uma das atropeladas
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José Bonato
Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)
  • José Bonato/UOL
    A estudante Nicole Rogéria Moreira Fróes da Silva, 19, se recupera de ferimentos provocados por veículo dirigido por empresário em Ribeirão Preto (SP) A estudante Nicole Rogéria Moreira Fróes da Silva, 19, se recupera de ferimentos provocados por veículo dirigido por empresário em Ribeirão Preto (SP)
O empresário que atropelou e matou um jovem na última quinta-feira (20) durante protesto em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) vai se livrar da prisão porque o Brasil é o país da impunidade.
A afirmação é da estudante de enfermagem Nicole Rogéria Fróes da Silva, 19, que sofreu fraturas numa perna e na bacia ao ser atingida pelo SUV Land Rover de Alexsandro Ishisato de Azevedo, 37, que está foragido e teve a prisão decretada pela Justiça na sexta-feira (21). Além dela, pelo menos outras dez pessoas ficaram feridas, mas com menor gravidade.
Ela afirma que o empresário saiu de um supermercado nas imediações e tentou furar o bloqueio dos manifestantes, que estavam na avenida Fiúsa, na região nobre da cidade.
"Algumas pessoas pediram com educação para ele desistir. Ele tinha toda a passagem atrás dele livre, mas quis passar ali de qualquer jeito. Alguém então deu um soco no capô do carro. Aí gritamos 'sem violência, sem vandalismo'. O carro se afastou, mas depois veio com tudo", disse Nicole.
A estudante afirma que estava próxima ao canteiro central da avenida quanto foi atingida. "O carro passou sobre as minhas pernas. Nunca pensei que fosse sentir uma dor tão grande."
O jovem que morreu, Marcos Delefrate, 18, estava atrás da estudante e foi atingido depois dela. Nicole não o conhecia e soube da morte quando estava sendo atendida por estudantes de medicina presentes na passeata. "As pessoas gritavam e choravam. Foi tudo muito rápido e apavorante".


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Protestos em São Paulo200 fotos

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23.jun.2013 - Fila para entrada para jornalistas e participantes da reunião do Movimento Passe Livre, na rua Medeiros de Albuquerque, na vila Madalena, em São Paulo (SP), que acontece na tarde deste domingo. A reunião é realizada em três pontos da cidade para discutir os rumos do movimento Marcos Bizzotto/Futura Press

"Bandidos"

Em sua primeira manifestação após o incidente, no sábado (22), o empresário afirmou estar arrependido e chamou os manifestantes de "bandidos" porque o teriam ofendido e agredido na cabeça. Ele estuda o melhor momento para se apresentar. Azevedo diz que não prestou socorro aos feridos por medo de ser linchado.
"O bandido é ele, que tem várias passagens pela polícia. Como ele pode dizer isso? Ele estava num carro blindado e, do lado de fora, estavam pessoas que lutavam por um país melhor. Ele sabia que machucaria muita gente se insistisse em passar", declara Nicole.
A estudante, que cursa o segundo ano de enfermagem na USP (Universidade de São Paulo) em Ribeirão Preto, vai ficar 45 dias sem poder se locomover. Ela diz que a experiência a ensinou a dar valor às pequenas coisas da vida como "andar, ir ao banheiro e pegar um copo de água", atividades para as quais agora precisa de ajuda.

Atropelamento em Ribeirão

  • Reprodução/Facebook O empresário Alexsandro Ishisato Azevedo momentos antes de atropelar jovens que protestavam em avenida de Ribeirão Preto (SP)
Nicole vive com a mãe, 11 cachorros e um porquinho-da-índia numa casa em Pontal (351 km de São Paulo) e todos os dias toma ônibus para ir a Ribeirão Preto. "A qualidade do transporte é terrível, assim como da educação e da saúde", diz.
Foi para protestar contra a precariedade desses serviços públicos que ela e amigos foram à passeata na quinta-feira. "Foi uma manifestação linda, pacífica, sem vandalismo, mas que acabou em tragédia", afirma.
Impossibilitada de se locomover, Nicole passa o tempo conversando com os amigos pela internet. Ela está lendo o livro "Quando Nietzsche Chorou", de Irvin D. Yalom, para passar o tempo, e lamenta ter de perder o show da banda de heavy metal Avantasia, em São Paulo.
Para ela, as manifestações têm sido uma das melhores coisas pelas quais o Brasil vem passando. "Eu espero que elas continuem porque existe muita corrupção por aqui."

VEJA MATÉRIA UOL  - NA ÍNTEGRA.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/06/23/empresario-que-atropelou-e-matou-em-ribeirao-sp-nao-sera-punido-diz-uma-das-atropeladas.htm

O EXEMPLO ; SILVIO SANTOS.

 
 

mônica bergamo

 

23/06/2013 - 01h15

Em entrevista exclusiva, Silvio Santos diz que a TV Record joga "dinheiro fora"

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DE SÃO PAULO
Silvio Santos não dá entrevistas. Diz que tem uma profissão "como outra qualquer", que define como "vendedor de bugiganga". E, portanto, não merece "regalias".
*
Por três semanas, Joelmir Tavares tentou furar a barreira. Esperou Silvio na porta do cabeleireiro Jassa, nos Jardins, onde ele arruma os cabelos antes de gravar seu programa dominical. Puxou papo sobre muitos assuntos.
O dono do SBT acabou respondendo a diversas questões. "Você está gravando?", perguntou, no primeiro dos três encontros. "Pode publicar. Eu não ligo para isso." A primeira conversa foi às 9h da manhã de 4 de junho.

Silvio Santos fala na porta do salão sobre vida e carreira

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Moacyr Lopes Junior - 18.jun.13/Folhapress
 
Silvio Santos sai do salão do cabeleireiro Jassa, nos Jardins, em São Paulo, na terça (18)
Folha - Nós queremos fazer uma reportagem sobre os 50 anos do programa do sr.
Silvio Santos - Ah, mas eu não faço isso. Não faço matéria, não me preocupo com isso, não. É uma filosofia minha. Não vejo nada de extraordinário na minha profissão. É como outra qualquer, não tem essas fidalguias.

Mas o sr. é mais do que um apresentador.
Não importa.

Segundo pesquisa do Datafolha, o sr. é "a cara de SP".
Eu não vou dizer a você que não. Mas o tratamento que eu gosto que me deem é o mesmo dado a um médico, a um advogado, à pessoa que tem uma profissão comum.

O sr. é um artista.
Não, eu sempre me vi como produto, um produto meu. Sou um bom vendedor. Agora, eu não mereço... Tenho de ter um tratamento como outro vendedor que vende geladeira ou aparelho de TV. Sou um vendedor que usa a eletrônica para vender seus produtos, artistas, programas. Artista é quem dança, canta, sapateia, conta piada.

O sr. faz um pouco disso tudo.
Não, não, não... Isso aí é impressão sua.

O sr. está feliz?
Claro que eu estou feliz. Você acha que eu sendo um vendedor dos meus produtos... Quando você anuncia o artista, está anunciando um produto. Quando anuncia um comercial, é um produto. Tudo é produto. Certo? Se você apresenta bem, tem condições de vendê-lo bem. Para você ter uma ideia, eu acho que eu devo ter batido o recorde de vendagem: 3 milhões de perfumes [da Jequiti] eu revendi agora.

É verdade que a Avon quer comprar a empresa?
Não. Que eu saiba, não.

A Jequiti virou o novo Baú da Felicidade?
Não, virou um negócio. O Baú foram 50 anos, só terminou porque o crediário está muito barato. E, em vez de se pagar, como se pagava, R$ 25 por mês para receber depois, você hoje vai numa Casas Bahia, paga R$ 18, R$ 15 e leva [produtos] para casa. Agora, a Jequiti, se continuar progredindo, ela vai chegar a ser uma boa empresa.

O sr. vai deixar o diretor Guga de Oliveira fazer o filme sobre a sua vida que ele vem preparando?
Não. Eu não vou deixar.

Por quê?
Por que eu não dou entrevista, não concordo com livro sobre mim, com filme? Se nenhum advogado, nenhum médico ou professor é cercado de todas essas... é... regalias, eu também não devo ser.

Pensa em aposentadoria?
Eu, não. Vou ter que me aposentar. Não sei quando.

Se depender do sr., o programa faz 60, 70 anos?
Não, não tem nem condições físicas.

Mas o sr. está bem.
Muito bem. Muito bem. [Sorrindo] Quando você chega aos 82 anos e te falam "muito bem", cuidado, porque com 83 você pode estar no buraco já. Rá-rá-rá.

O sr. sente falta do banco PanAmericano?
Não. Infelizmente, não deu certo.

Dizem que o sr. fez uma jogada de mestre, usou o talento de vendedor para sair do negócio sem prejuízo.
Não, não. Eu ia esperar para poder ver se pagava, mas apareceu uma oferta e eu... [pausa] 'Vamo' embora! Deixa eu ir embora! Tem 200 pessoas me esperando.
*
Um novo encontro ocorreu no domingo, 16 de junho, no mesmo local. O repórter se aproximou e mostrou a ele uma foto da filha Patricia Abravanel, apresentadora do SBT, publicada na coluna.
Silvio Santos - A Patricia tá toda hora saindo agora [em fotos de jornais].

Ela diz que é a que mais trabalha no SBT. É verdade?
É, trabalha bem, sim.

A Patricia está sendo preparada para sucedê-lo?
[risos] Ela está indo. Tá melhor do que eu esperava.

Como está a situação financeira do SBT? Está bem?
Claro, muito bem. Dentro daquilo que a gente quer. Nós vamos acompanhando: se o mercado evolui 5%, a gente tenta conseguir 5%. Se dez, é dez. [bate palma] Agora, a Record faz milagre, né? A Record está faturando os tubos.

O SBT retomou o segundo lugar em audiência?
Não. Mas estamos lutando. Tá bom, tá bom. O lugar [no ranking de audiência] é importante, mas a administração [correta da empresa] é melhor. A Record, você vê, está perdendo um dinheirão. Por quê? Porque está administrando mal. Está jogando dinheiro fora [risos]. Jogou fora, não pode ganhar, né? Mas a gente nunca sabe exatamente a situação da Record. Porque lá não tem necessidade de dinheiro.

Mas agora ela está demitindo, cortando programas.
Não sei por que estão demitindo. Isso aí deve ter sido alguma decisão na Igreja [Universal]. Deve estar havendo algum bate-boca na igreja.

O sr. controla tudo no SBT?
Eu não. Eu pago gente para controlar, né?

Por que o sr. não vende horários para igrejas no SBT?
Eu não vendo horário religioso. É contra o meu princípio. Judeu não deve alugar a televisão para os outros. Você não sabe que os judeus perderam tudo quando deixaram outras religiões entrarem em Israel? A história é essa. No dia em que os judeus começaram a deixar que outros deuses fossem homenageados em Israel, os babilônios foram lá e tiraram o templo e jogaram os judeus para fora. O judeu não pode deixar que na casa dele tenha outra religião. É por isso que não deixo nenhuma religião entrar no SBT.

A sua mulher, Íris, e suas filhas são evangélicas.
Mas onde eu mando eu não deixo nenhuma religião entrar. Nós não temos nenhum programa judaico, né? Nem católico nem evangélico nem budista. Nada disso.

Mas então o SBT...
É uma casa judaica.

O sr. está negociando com Gugu Liberato?
Não. Por enquanto, o Gugu não veio nos procurar não.

E a porta está aberta para ele?
Está. Somos uma casa de negócios. Nós não temos esse negócio de saiu, não pode voltar. Todo mundo pode entrar e todo mundo pode sair, dependendo da negociação.

Se ele voltar, será como sócio do programa?
Depende. Se ele topar, ele pode ser sócio. A gente pode fazer um outro acordo qualquer. Contanto que ele ganhe dinheiro e nós ganhemos dinheiro, não tem problema.

O sr. assiste à TV?
Ah, é muito difícil. Eu vejo muito filme. Geralmente vejo documentário, biografia.

O sr. foi candidato a presidente em 1989. Pensa em voltar para a política?
Rá-rá-rá. Aquilo foi um, foi um... Valeu a pena! Rá-rá. Foi um, uma, como é que é, foi uma... Como é que é aquilo? Uma desmunhecada, né? [faz gesto com a mão esquerda] Uma tentativa de fazer alguma coisa. Mas é dificílimo.

Em quem o sr. vai votar para presidente em 2014?
Não sei. Eu acho que a Zil... A Dilma faz um bom governo.

Ela foi vaiada na abertura da Copa das Confederações.
A inflação está aumentando. E está começando uma política para ver se ela baixa um pouco a bola, né?

A popularidade dela caiu.
Mas será que o Lula vai voltar? [entra no carro] Tchau! Eu tenho que trabalhar! Está todo mundo me esperando lá [no estúdio do SBT].
 
*
 
O terceiro e último encontro ocorreu na manhã de terça-feira, 18 de junho. O repórter mostrou reportagem da Folha sobre os protestos em SP.

O sr. viu as manifestações?
Eu vi na televisão. A Folha está lá em casa.

Se fosse jovem, participaria dos protestos?
Não. Eles não têm objetivo, né? Deviam ter um objetivo, deviam pedir alguma coisa. Dizer: "Olha, nós estamos fazendo esse protesto para poder ter uma lei contra os menores de idade [que cometem crimes]". Ou: "Estamos fazendo esse protesto para pelo menos ver se os responsáveis pelo mensalão são punidos". Ah, mas o protesto é sobre tudo. Então não é sobre nada.

É a favor de mudanças na punição de menores?
Eu acho que esse negócio de deixarem os menores fazerem os crimes porque eles são penalizados pelo tempo... Os profissionais contratam eles. Quem matou foi sempre o menor, não foi o bandido.

O sr. percebe uma tentativa da Globo de se popularizar?
Não percebi ainda não. Aconteceu alguma coisa?

Ela estaria buscado uma programação para a classe C.
Eu não percebi ainda. Agora, a Globo sempre foi popular. É a que tem mais audiência. A que tem mais audiência é a mais popular. A Globo é a principal emissora do Brasil. Ganha muito dinheiro. As outras vivem. Rá-rá-rá.

O sr. virou bisavô, de Miguel, que nasceu em maio.
É, é verdade. Com 82 anos!

Mas já estava na hora, não?
Rá-rá. Se não morrer... Rá. Se não morre, vai ser tetravô.

Como ele é?
É... Um naniquinho.

Obrigado pela entrevista.
Eu não sou muito fã desse negócio de sair em jornal, em revista. Mas... [dá de ombros e faz expressão de modéstia] Eu acho que quem deveria ter essas homenagens são médicos, são cientistas. Eles fazem alguma coisa pela humanidade. E alguns artistas que dançam, cantam. Mas apresentador de televisão? Nós não fazemos nada. Nós vendemos bugiganga! Ri-ri.
Mônica Bergamo
Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

O EXEMPLO : SILVIO SANTOS.