sexta-feira, 21 de agosto de 2009

ANTECIPANDO - SE AO FATO !


21/08/2009 - 21h44
Médica registra óbito dois dias antes da morte de paciente em hospital do Rio
DIANA BRITO - Colaboração para a Folha Online, no Rio

A pensionista Maria José de Melo, 84, morreu no último domingo (16) no hospital Miguel Couto, no Rio. Dois dias antes, porém, seu óbito já havia sido registrado pela médica Elza Brito.

A denúncia sobre o caso chegou ao gabinete do presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores do Rio, Carlos Eduardo de Mattos (PSB). Segundo o vereador, após o prontuário ser preenchido com o parecer de óbito, uma enfermeira percebeu que a paciente respirava sem a ajuda dos aparelhos.

"O prontuário foi rabiscado após a equipe médica perceber que a mulher estava viva. Dois dias após desse fato a paciente evoluiu para o óbito. Depois que colocaram o respirador nela novamente, e o tratamento continuou, ela ficou internada no mesmo local", disse o vereador.

Mattos ainda afirmou que vai encaminhar na próxima segunda-feira (24) uma denúncia ao Ministério Público Estadual e ao prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), para cobrar esclarecimentos e providências. Mattos também disse que vai voltar ao hospital para ter acesso ao prontuário original.

"O fato é que uma sala que tem mais de 40 pacientes graves, aonde só cabem no máximo 20, aonde tem só dois auxiliares de enfermagem, aonde tem poucos recursos humanos, os pacientes são amontoados, um ao lado dos outros, onde há super lotação, o erro médico pode acontecer. Não é possível que as nossas emergências continuem a trabalhar com equipamento defasado, sem insumos, com grande quantidade de estresse psicológico e físico. O médico faz parte de um sistema que está doente, que está moribundo", afirmou.

Filha da paciente, a dona de casa Terezinha de Melo Alexandre, 48, ficou indignada com a postura da médica e do hospital. Ela afirmou à Folha Online que chegou a ser avisada sobre o desligamento dos aparelhos, mas os médicos disseram que se tratava de um procedimento normal.

"A equipe médica falou que minha mãe ficou sem aparelhos por dez minutos para que demonstrasse alguma reação. Como ela não reagiu, os médicos colocaram o respirador de volta. Achei estranho, mas acreditei neles."

Terezinha Alexandre cuidava da mãe em casa, que era paraplégica há 19 anos. "Sempre fiz tudo para ela com o maior carinho. Era uma pessoa maravilhosa, que gostava de conversar e ser atenciosa", disse.

Segundo Terezinha, sua mãe apresentava quadro de pneumonia, mas não havia cobertores na enfermaria. "Tive que comprar cobertores às pressas. Também levei camisolas, mas não deu tempo. Ela faleceu nua, sem nenhuma roupinha", disse, emocionada.

Afastada

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que, ao tomar conhecimento do fato, afastou a médica Elza Brito e abriu sindicância para apurar o ocorrido e tomar as medidas cabíveis. O órgão também encaminhou documento sobre a situação para a Comissão de Ética Médica.

De acordo com a secretaria, o hospital Miguel Couto informou que a paciente deu entrada na unidade no dia 8 de agosto, em estado grave, com alteração do nível de consciência, insuficiência respiratória aguda e insuficiência renal crônica.

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