segunda-feira, 3 de agosto de 2009

ADOLESCENTE MORRE DURANTE VOO


A ADOLESCENTE JACQUELINE RUAS


Excursão de adolescente que morreu em avião tinha criança com gripe suína; teste da garota deu negativo, diz agência
Silvana Salles
Do UOL Notícias
Em São Paulo
O diretor-executivo da agência de turismo Tia Augusta, Luis Felipe Fortunato, disse em entrevista coletiva nesta segunda-feira (3) que uma criança que participou da mesma excursão que a adolescente Jacqueline Ruas, 15, que morreu durante um voo entre a Flórida e São Paulo, teve gripe suína. O menino de 11 anos teve resultado positivo no teste aplicado em Orlando, nos Estados Unidos. Jacqueline teve resultado negativo no teste. Outros jovens também apresentaram sintomas de gripe durante a viagem, mas não foram diagnosticados com o vírus da influenza A (H1N1).

A criança diagnosticada com a gripe A estava acompanhada pelos pais e voltou a passear com o grupo após 48 horas afastada para repouso, por apresentar melhora rápida dos sintomas. O diretor executivo da agência afirmou que casos de gripe foram comuns entre sul-americanos que viajaram para a Disney World nesta temporada.
O corpo de Jacqueline Ruas foi enterrado nesta manhã no Cemitério das Lágrimas, em
São Caetano do Sul (SP)

Veja foto ampliada
UOL Notícias


Segundo Fortunato, Jacqueline recebeu atendimento médico duas vezes. Na primeira, a médica americana que a atendeu considerou que a menina apresentava um quadro de gripe. Ela foi orientada a tomar o antiviral Tamiflu e um antibiótico. Posteriormente, na madrugada do dia 31, ela deu entrada no Celebration Hospital - Florida Hospital reclamando de falta de ar, realizou o exame para o vírus A (H1N1) e tirou radiografia do tórax. O teste deu negativo, a jovem foi diagnosticada com princípio de pneumonia e liberada pela manhã.

Ainda segundo o diretor-executivo da agência, os médicos americanos sabiam que a adolescente era estrangeira e deveria seguir viagem no dia seguinte ao atendimento, mas não houve nenhuma restrição ao embarque no avião da Copa Airlines. "Não havia restrição médica para seguir viagem. Temos que nos ater a recomendações médicas", disse.

Jacqueline morreu devido a uma parada respiratória dentro do avião, cerca de uma hora antes de a aeronave pousar no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Uma das guias responsáveis pelo grupo teria oferecido uma cadeira de rodas à jovem durante a conexão no Panamá, depois de ela dizer que sentia fraqueza. Não foi procurada ajuda médica durante o intervalo da troca de aviões no país da América Central.

"Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance [para ajudar Jacqueline]. Ela recebeu atendimento médico de um hospital de referência e estava sempre acompanhada pelas guias turísticas", disse Fortunato. Mais sobre o vírus

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O responsável disse ainda que a companhia aérea não foi informada sobre o diagnóstico de pneumonia de Jacqueline no embarque nos Estados Unidos porque a menina parecia se sentir bem.

Doença em voos
Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), é necessário comunicar qualquer problema de saúde à companhia antes de embarcar no Brasil, mas cada país tem uma regulamentação própria a este respeito.

De acordo com Clystenes Odyr Soares Silva, professor de pneumologia da Unifesp, não existe nenhuma restrição oficial para pacientes que sofrem de pneumonia viajarem de avião. Porém, viagens longas não são recomendadas porque não há como procurar ajuda médica durante o trajeto.

"A pneumonia é uma doença que pode ter evolução surpreendente, tanto para melhor quanto para pior. Por isso, é melhor ficar em casa e viajar depois de melhorar", diz Silva. Além disso, diz o médico, a baixa oxigenação da cabine do avião pode causar desconforto a quem está doente.

A quantidade de oxigênio no ar dentro de uma aeronave civil é semelhante àquela encontrada aos 2.000 metros de altitude acima do nível do mar. Pneumologistas dizem que a diferença não é percebida por pessoas saudáveis, mas passageiros com problemas respiratórios a sentem.

Segundo Carlos Carvalho, supervisor de pneumologia do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo), pode ocorrer baixa oxigenação do sangue em pacientes com pneumonia extensa. Por isso, complicações fatais em pacientes com pneumonia são raras, mas possíveis. Na pneumonia causada por bactérias, uma possibilidade é a pessoa ter um vazamento de ar para fora do pulmão, causada por uma bolha de ar estourada. O ar que escapa dos alvéolos vaza para a pleura e espreme o pulmão, causando falta de ar.

"Em princípio não há nenhum problema em uma pessoa que tem pneumonia viajar de avião", diz ele. "Mas é pouco provável uma pessoa com pneumonia extensa ser liberada para viajar."

Luis Felipe Fortunato, da Tia Augusta, disse que um ofício seria enviado ainda hoje ao Ministério da Saúde, à embaixada dos EUA no Brasil e ao Florida Hospital para pedir o envio dos resultados dos exames a que Jacqueline foi submetida, em uma tentativa de entender os procedimentos do centro de saúde americano. Ele diz que leis federais do país obrigam os médicos a encaminhar os resultados somente à família do paciente.

Fortunato disse ainda que a empresa deve se reunir nos próximos dias com a família da menina para prestar solidariedade.
UOL ONLINE 03/08/2009 - 19h48

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