quinta-feira, 8 de agosto de 2013

UK - ASSALTO AO TREM PAGADOR.

21 - DEZEMBRO - 2013.                                                                                    

Ex-Balão Mágico lamenta morte do pai, Ronald Biggs, em rede social

Michael Biggs, o Mike, que fez parte do conjunto nos anos 1980 ao lado de Simony, Tob e Jairzinho, homenageou o pai: 'Te vejo no próximo plano'.

do EGO, no Rio
 


 
Mike Biggs e Ronald Biggs e a neta, Lily  (Foto: Facebook/Reprodução)
 
 
Mike Biggs e Ronald Biggs e a neta, Lily: última
foto antes da morte foi tirada no fim de
novembro (Foto: Facebook/Reprodução)
 
Morreu na madrugada desta quarta-feira, 18, o inglês Ronald Biggs, famoso pelo assalto histórico ao trem pagador. Conhecido como o ladrão do século, Ronald viveu no Brasil e era pai de Michael Biggs, Mike, que fez parte do "Balão Mágico", ao lado de Simony, Jairzinho e Tob.
Em seu Facebook, o ex-cantor mirim comunicou e lamentou a morte do pai, aos 84 anos. "Caros amigos, hoje o céu tornou-se mais divertido! Eu tenho o triste dever de comunicar a todos o falecimento de meu pai, Ronald Biggs. Meu querido pai, Ronnie, Ron, Big Mike .... Sua hora chegou meu mestre e guia ... Obrigado por todo o amor que você me deu!", escreveu Mike, que ainda citou parte da música "The end", dos Beatles.

Mike, o primeiro a esquerda, na capa do disco do Balão Mágico  (Foto: Reprodução/Reprodução)
 
Mike, o primeiro à esquerda, em capa de disco do
Balão Mágico (Foto: Reprodução/Reprodução)
Mike, bem diferente do que era na infância, postou a última foto de Ronald, que posou ao lado do filho e da neta. "Toca o terror ai cima Paizao!!!! Te vejo no próximo plano! Te amo!".
Ronald morreu em um asilo, em East Barnet, no norte de Londres. A última aparição dele em público foi em novembro, durante uma homenagem a Bruce Reynolds, o mentor do assalto que tornou Biggs famoso em todo mundo.

Mike Biggs e Ronald Biggs e a neta, Lily  (Foto: Facebook/Reprodução)
 
Mike Biggs e Ronald Biggs e a neta Ingrid (Foto: Facebook/Reprodução)


A MORTE DE RONALD BIGGS.

 
18/12/2013 - 05h59

Ronald Biggs, "ladrão do século", morre aos 84


LEANDRO COLON
DE LONDRES
MÁRCIA SOMAN MORAES
DE SÃO PAULO
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Atualizado às 09h10.
Morreu hoje em Londres, aos 84 anos, o britânico Ronald Biggs, conhecido como o "ladrão do século", pelo assalto em 1963 ao trem pagador que ia de Glasgow a Londres.
Biggs, que viveu anos foragido no Brasil, estava em um asilo para idosos em East Barnet, norte de Londres. Ele vinha enfrentando uma série de problemas de saúde, com dificuldades para caminhar e se comunicar.
Carpinteiro em Londres, Biggs virou "ladrão do século" no Brasil
No Brasil, Biggs participou de clipe dos Sex Pistols e fez filme com José Wilker
Saiba como foi feito o assalto ao trem pagador
Nos últimos anos, sofreu sete derrames, ataque cardíaco, ataques epiléticos, úlcera no estômago, além de uma fratura no quadril que o deixou internado por dias no hospital universitário de Norfolk e Norwich.

Assalto ao trem pagador

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Neil Hall - 20.mar.13/Reuters
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Ronald Biggs gesticula para fotógrafos no funeral de Bruce Reynolds, em Londres, em março de 2013; Reynolds, o 'mentor' do assalto ao trem pagador, morreu aos 81 anos em fevereiro
A morte dele é um dos principais destaques da imprensa britânica nesta quarta-feira. Christopher Pickard, que o ajudou a escrever sua autobiografia, disse que Biggs deve ser lembrado com um dos grandes personagens dos últimos 50 anos.
À BBC, Anthony Delano, autor de um livro sobre o ladrão, foi mais duro e afirmou que Biggs era um homem "sem moral" e teve muita sorte por ter vivido anos em liberdade.
O britânico fazia parte de uma gangue de cerca de 15 homens que conseguiu, em 8 de agosto de 1963, parar um comboio ferroviário manipulando a sinalização. Depois de ferir gravemente um funcionário, eles fugiram com 120 sacos de notas usadas contendo no total 2,6 milhões de libras, uma quantia recorde para a época, equivalente hoje a R$ 153,6 milhões.
Os ladrões, inclusive Biggs, foram presos em janeiro de 1964. Processado e condenado a 30 anos de prisão, Biggs foi para a penitenciária de Wandsworth (Londres), de onde conseguiu fugir 15 meses depois.
Ele passou por cirurgias estéticas e viveu como foragido na Espanha, na Austrália e, principalmente, no Brasil.
EXTRADIÇÃO
Biggs chegou ao Brasil na década de 1970 e viveu aqui por cerca de 30 anos, mais especificamente no Rio de Janeiro. Ele teve um filho com sua namorada Raimunda, Michael Biggs, que foi cantor do grupo infantil brasileiro Balão Mágico e hoje é empresário.
Ao descobrir que o "ladrão do século" estava em solo brasileiro, o governo britânico iniciou uma batalha judicial para sua extradição. A questão, contudo, é que a legislação britânica não admite a formulação de pedido oficial de extradição a país com o qual não tenha tratado de extradição. O acordo entre o Brasil e o governo britânico só entrou em vigor em outubro de 1997 --25 anos depois do assalto ao trem pagador.
O caso foi então para julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) --que considerou o Estatuto do Estrangeiro que estabelece que, antes de julgar a extradição, os juízes devem levar em conta o prazo estabelecido pela legislação brasileira. No Brasil, o audacioso assalto havia prescrito há cinco anos.
Após meses de uma batalha judicial entre o governo britânico e a Justiça do Brasil, o STF arquivou oficialmente o pedido de extradição de Biggs em novembro de 1997. Os ministros alegaram que a prescrição do crime impede o recebimento do pedido formulado pelo governo britânico.
FALIDO
Nos últimos anos de sua estadia no Brasil, Biggs vivia em dificuldades financeiras. Ele transformou sua casa em Santa Teresa (zona central do Rio) em uma espécie de museu para turistas britânicos e vendia camisetas, bonés e outros produtos de sua "marca" em uma página na internet.
Em 2001, Biggs afirmou que desejava retornar ao Reino Unido. Seu advogado brasileiro na época, Wellington Mousinho, afirmou à Folha que Biggs só voltaria "com o perdão judicial". Rumores indicavam, contudo, que ele receberia uma grande quantia do tabloide "The Sun" pela exclusividade de sua história.
Biggs já havia sofrido dois derrames e vizinhos cariocas diziam que ele andava com dificuldades e quase não podia falar. Só saía de casa para ir de táxi a sessões de fisioterapia, na Tijuca (zona norte). Mousinho ressaltou, contudo, que ele estava lúcido e que voltava ao Reino Unido porque estava com saudades.
CONDICIONAL
Preso, Biggs cumpriu mais de um terço da pena no centro de detenção Belmarsh, centro de detenção de segurança máxima.
Em agosto de 2009, Biggs, que estava doente, foi libertado.
Editoria de Arte/Folhapress


 
 

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/12/601495-ronald-biggs-ladrao-do-seculo-morre-aos-84-anos-no-reino-unido.shtml

 

Ícone do crime, Biggs gostaria de voltar a viver no Brasil, diz filho

BERNARDO MELLO FRANCO
DE LONDRES


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Famoso pela fuga mais espetacular entre os assaltantes do trem pagador, o londrino Ronald Biggs hoje sofre com a distância do Brasil e do Rio de Janeiro, onde passou 31 anos como dublê de fugitivo e celebridade fora da lei.

Com a saúde fragilizada depois de sete derrames, ele comemora hoje 84 anos, no mesmo dia em que o roubo completa cinco décadas.

Assalto a trem pagador ainda gera lucros para a quadrilha

"No domingo, ele me disse que uma das maiores dores da sua vida foi ter ido embora do Brasil. Ele carrega uma tristeza muito grande por não poder voltar", contou à Folha seu filho Mike Biggs, cantor do grupo infantil Balão Mágico nos anos 80.

Chamado de Ronnie pelos amigos e pelos tabloides britânicos, Biggs chegou ao Rio de Janeiro em 1970, depois de pular o muro da prisão usando uma corda e passar cinco anos escondido na Austrália.

Mike Biggs

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1981/Agência O Globo
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Michael Biggs, então garoto, beija seu pai, Ronald Biggs, em 1981, quando ele estava refugiado no Brasil; Michael conheceu a fama como Mike, do Balão Mágico, grupo infantil de sucesso estrondoso nos anos 80

Como Brasil e Reino Unido não tinham um tratado de extradição, a ditadura militar teve que cruzar os braços enquanto ele dava autógrafos, ia a festas e faturava vendendo entrevistas e souvenirs em sua casa em Santa Teresa.

Durante três décadas, um encontro com Biggs era item obrigatório na agenda de bandas de rock que passassem pelo país, como Rolling Stones e The Police.

Com os Sex Pistols, ícones do punk, ele visitou o Cristo Redentor e gravou o clipe "No one is innocent" ["Ninguém é inocente", em inglês"].

"Depois do assalto, ele ganhou muito dinheiro com a imprensa britânica. Quando um tabloide estava sem assunto, botava um repórter no avião e mandava entrevistá-lo no Rio. Isso acabou, infelizmente", diz Mike Biggs.

Ronnie chegou a ser enredo da Porto da Pedra no Carnaval carioca ("Samba no pé e mãos ao alto, isto é um assalto!", em 1998). A escola de samba teve menos sorte que o seu homenageado e acabou sendo rebaixada para o grupo de acesso.

Em 2001, ele faturou com a história pela última vez, voltando à sua terra natal num jato fretado pelo tabloide "The Sun". Entregou-se à polícia e foi solto após oito anos, por razões humanitárias, e hoje vive num asilo no norte de Londres.

Assalto ao trem pagador

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Neil Hall - 20.mar.13/Reuters
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Ronald Biggs gesticula para fotógrafos no funeral de Bruce Reynolds, em Londres, em março de 2013; Reynolds, o 'mentor' do assalto ao trem pagador, morreu aos 81 anos em fevereiro

 





08/08/2013 - 03h00

Assalto a trem pagador ainda gera lucros para a quadrilha


BERNARDO MELLO FRANCO
DE LONDRES


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Depois de 50 anos, o Reino Unido continua fascinado por uma ação de bandidos que desafiou a polícia e o governo britânico: o assalto ao trem pagador, também conhecido como "crime do século".

A ação durou pouco mais de uma hora, mas até hoje é alvo de debates acalorados e virou tema de uma nova fornada de livros, documentários e filmes de ficção.

Dos 17 participantes do roubo, só quatro sobrevivem. Ao menos dois deles, Ronald Biggs e Douglas Gordon Goody, ainda faturam com as memórias do crime lendário.

Pesquisadores e integrantes da quadrilha ainda divergem sobre detalhes da ação. Mas quase todos concordam que os tabloides britânicos turbinaram o mito e valorizaram o papel de bandidos e mocinhos para vender mais.

Na madrugada de 8 de agosto de 1963, uma gangue liderada por Bruce Reynolds parou o trem que viajava de Glasgow para Londres carregado de dinheiro vivo após um feriado bancário.

Os ladrões adulteraram um sinal para fazer o trem parar, golpearam o piloto Jack Mills com uma barra de ferro e tomaram o segundo vagão, que transportava os valores.

Editoria de Arte/Folhapress

Depois de amarrar os funcionários dos correios a bordo, eles arrastaram parte da composição por mais 1,6 km até o local da fuga.

De mão em mão, os assaltantes levaram £ 2,6 milhões em dinheiro vivo -hoje equivalentes a £46 milhões ou R$ 158 milhões, a serem repartidos igualmente.

A lenda só começava ali. Um julgamento draconiano, que condenou os integrantes da quadrilha a 30 anos de prisão, e uma série de fugas espetaculares aumentaram o interesse popular na história.

Aos poucos, os bandidos foram se transformando em heróis aos olhos do público britânico, que vibravam a cada aparição na mídia de figuras como Ronald Biggs, que fugiu para o Brasil.

"O assalto aconteceu num ano em que o mundo estava de olho no Reino Unido. Em 1963, os Beatles estouraram, os Rolling Stones lançaram o primeiro disco e a revolução sexual ganhou as ruas", disse à Folha Christopher Pickard, autor do novo livro "The Great Train Robbery".

A BBC prepara um filme com atores, em duas partes, a ser lançado até o fim do ano.

Em outra produção, um documentário, o ex-ladrão Gordon Goody promete revelar um dos mistérios que sobrevivem até hoje: a identidade do informante "The Ulsterman", que possibilitou a ação.

Segundo os pesquisadores Nick Russell-Pavier e Stewart Richards, o assalto já deu origem a 27 livros, 17 documentários de TV e quatro longas-metragens. Em março deste ano, o funeral de Reynolds virou uma espécie de celebração do crime quase perfeito.

"Se me perguntarem se lamento ter participado do roubo, minha resposta é não", disse Biggs semana passada.

"Eu diria mais: estou orgulhoso de ter feito parte do grupo. Eu estava lá naquela noite de agosto, e isso é tudo que conta. Sou uma das poucas testemunhas, vivas ou mortas, do crime do século."

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