sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

USP - ESTUDANTE ENCONTRADO MORTO.


Corpo de estudante no campus da USP na quinta-feira.
03/12/2010 - 21h04 Polícia encontrou estudante já morto na USP, mas colegas veem negligência

Maurício Savarese - Do UOL Notícias
Em São Paulo

Colegas criticam guarda

Minutos depois de Samuel de Souza, 42, cair na principal praça da USP (Universidade de São Paulo), na quinta-feira (2), estudantes ouviram um integrante da Guarda Universitária declará-lo morto. Alguns discordaram, tomaram seu pulso e suspeitaram ver sinal de vida. Meia hora depois a Polícia Militar chegou. Nesse momento, nem os colegas tinham dúvida de que já não havia esperança. Mas estavam convencidos de que houve omissão.

As críticas também são destinadas ao HU (Hospital Universitário), que não oferece ambulâncias para resgatar acidentados nas dependências da universidade --o hospital só usa os veículos para transferência de pacientes. Amigos da vítima afirmam que tentaram chamar outro serviço de resgate, mas não havia nenhuma unidade na região. Nenhum dos alunos tinha preparo médico para tentar reanimá-lo. Quando chegou, os policiais não viram motivo para tentar.

Em nota, a reitoria do USP lamentou a morte do estudante e disse que comunicou “imediatamente” o fato à polícia depois que “o corpo foi encontrado pela Guarda Universitária, por volta das 10h”. O texto não faz menção à controvérsia entre estudantes e guardas sobre se Samuel ainda estava vivo nem sobre a demora de pelo menos cinco horas para a remoção do cadáver, liberado pela polícia às 13h15, mas que só levado por volta das 16h. Questionada pela reportagem sobre as acusações dos estudantes, a reitoria afirmou que a nota oficial era a única manifestação do órgão por enquanto.

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A Polícia Militar informou que foi avisada sobre a presença de um corpo na USP às 10h14 de quinta-feira e que chegou ao local às 10h29. Um delegado e um perito da Polícia Técnico-Científica avaliaram o quadro para decretar o óbito. Os agentes deixaram a USP às 13h15. O serviço funerário do município afirmou ter sido avisado por volta das 14h e chegou à universidade para remover o cadáver duas horas depois.

“Quando a polícia chegou realmente não havia mais o que fazer. Mas a atuação da Guarda Universitária não fez nenhum sentido e a omissão de socorro foi clara”, disse ao UOL Notícias um estudante amigo de Samuel, que preferiu não ser identificado alegando temer represálias da guarda e da direção do Crusp (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo), onde vivem alunos de baixa renda.

Sem tentativa
“A guarda deu o Samuel como morto e depois disso as pessoas se desmobilizaram de qualquer tentativa de removê-lo. Nem que fosse desesperada, em um carro comum e sem cuidados médicos, para levá-lo ao HU. Falaram em preservar o corpo no local, em esperar a polícia chegar. Se houve a possibilidade de salvá-lo, não foi tentado”, disse outro colega que estava presente no local durante o incidente.

Diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), Aníbal Cavali afirmou que os parentes de Samuel só descobriram que ele tomava medicamentos fortes e antidepressivos após sua morte. “Foi pedido que o exame dele no IML (Instituto Médico Legal) fosse feito com ajuda da família para que houvesse um laudo. Mas colegas relataram que [os guardas] não queriam nem que o corpo dele fosse ao IML”, disse.


http://trindade.org/drupal/node/932

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