sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

MALAKE ZAHWE - BEIRUTE.

Folha de S.Paulo

Brasileira morta no Líbano é enterrada em cerimônia pública



DIOGO BERCITO
ENVIADO ESPECIAL A MAJDAL SILEM (LÍBANO)
 
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A brasileira Malak Zahwe, morta durante um atentado a bomba na quinta-feira (2), em Beirute, foi enterrada nesta sexta-feira à tarde no sul do Líbano em uma cerimônia pública da qual participaram líderes políticos e religiosos.
A estudante, que tinha 17 anos, é uma das vítimas recentes de uma onda de ataques terroristas no país, dando conta de que a aparente tranquilidade política dos últimos anos está sendo estilhaçada pelas bombas e pelas disputas sectárias.
Malak estava na região de Haret Hreik, sob influência da milícia xiita Hizbullah, quando um carro-bomba explodiu, deixando ao menos cinco mortos e mais de 60 feridos. Ela provava roupas com sua madrasta, que também morreu.


Nascida em Foz do Iguaçu, a garota morava em Beirute há anos. Amigas de infância ouvidas pela reportagem da Folha, durante o enterro, afirmam que ela sonhava em tornar-se uma enfermeira. "Ela tinha muita fé em Deus, todo o mundo queria ser amigo dela", diz Karima Jebai, 17, natural do Paraná e no Líbano a passeio.

Brasileira é vítima de atentado em Beirute


Sharif Karim/Reuters
 
Parentes e amigos choram durante o funeral da brasileira Malak Zahwe, morta durante um atentado a bomba na quinta-feira (2), em Beirute, líderes políticos e religiosos participaram da cerimônia pública
Fátima Hijazi, 18, foi avisada da morte da prima por meio de familiares. Também nascida em Foz do Iguaçu e em Beirute durante uma visita, ela viajou até Majdal Silem, na fronteira com Israel, para o enterro. "Quando alguém da nossa família é vítima de um atentado, temos mais medo de que aconteça conosco também."
Abir Hijai, 17, diz à reportagem que já foi avisada pelos pais de que ela só irá voltar para Beirute quando for a hora de pegar o avião de volta ao Brasil. "Morrer em um atentado é horrível, porque minha prima não tinha feito nada", afirma. "Ela foi encontrada com as roupas que estava provando, ainda com a etiqueta."
Segundo Saad al-Hariri, ex-premiê e importante figura política no país, as vítimas dos atentados recentes são dano colateral "do envolvimento em guerras externas", em referência à participação do Hizbullah no conflito da Síria, ao lado do regime do ditador Bashar al-Assad.
Ao enviar guerreiros à vizinha Síria, o Hizbullah opôs-se diretamente às facções sunitas que lutam pela deposição do ditador Assad.
Na semana passada, outro carro-bomba deixou sete mortos e mais de 50 feridos na capital libanesa. Entre as vítimas estava Mohammad Chatah, ex-ministro e um desafeto público do Hizbullah.


"Essa é uma grande batalha contra o terrorismo", afirmou na quinta-feira (2) Ali Hassan Khalil, ministro da Saúde do Líbano. "Todos são alvos, não importa de onde vêm."

 

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