sexta-feira, 20 de março de 2009

Vítimas de desabamento querem processar Renascer




Sobreviventes e parentes das vítimas do desabamento do teto da sede internacional da Renascer se preparam para mover ações contra a igreja. A família da aposentada Luíza da Silva, de 62 anos, responsabiliza a direção da igreja pela morte da fiel e reclama da pressa para a reconstrução da nova sede. "Eles (dirigentes) vão reconstruir uma igreja nas costas do povo. Não vou deixar barato", desabafa a operadora de telemarketing Maria José da Silva, de 54 anos, sobrinha da vítima.

Maria afirma que a tia frequentou os cultos da Renascer por 14 anos, recebia um salário mínimo e mantinha doações mensais superiores a R$ 130. "Ela era fervorosa, praticamente uma beata", lembra a sobrinha. Segundo Maria, desde que o jogador Kaká fez uma doação de 200 mil euros para a igreja no ano passado, Luíza se viu incentivada a lançar um grande desafio em nome da fé: juntar R$ 10 mil para doar à Igreja (além da contribuição mensal). A fiel chegou a economizar R$ 3 mil.


Embora a igreja tenha arcado com as despesas do funeral da tia, Maria diz que, no velório, pastores especularam sobre os bens deixados pela aposentada e chegaram a perguntar se a vítima havia deixado algo para ser doado à Igreja. "Sabiam que ela era sozinha e não tinha filhos nem marido", disse. Para Maria, os raros contatos com os representantes da Igreja desde a morte da tia eram tentativas de convencer a família a evitar uma ação civil. "Eles queriam que a gente não entrasse com a ação", afirma.


A ex-professora Olga Donoso, de 59 anos, sobrevivente do desabamento, está decepcionada com a Renascer. Olga, que era amiga de Luíza, é uma das testemunhas do desabamento parcial do teto da Igreja no dia 14 de janeiro, quatro dias antes da tragédia que matou nove e deixou mais de 100 feridos. Pedaços de gesso da estrutura caíram sobre ela e outro fiel, mas só causaram leves escoriações. Ela diz que o incidente aconteceu durante um culto liderado pelo deputado federal Geraldo Tenuta Filho, conhecido como bispo Gê. Segundo Olga, no dia seguinte um advogado da igreja ligou para saber sobre seu estado de saúde. "Achei estranho o advogado ligar", comentou.


No domingo (18 de janeiro), ao entrar na sede, Olga percebeu que a parte que cedeu dias antes não havia sido consertada. "Ninguém tinha feito nada, o buraco no teto ainda estava lá. Pensei comigo: será que tem perigo de cair?", conta. Vítima pela segunda vez, Olga teve traumatismo craniano, luxação no pé direito e o pé esquerdo teve de ser totalmente reconstruído. Ela segue em recuperação, numa cadeira de rodas, sem previsão de voltar a andar.


Empresa


De acordo com a ex-professora, a igreja ofereceu ajuda de uma psicóloga para seu filho (que se revoltou depois que um pastor teria se negado a testemunhar sobre o primeiro acidente) e alguém para auxiliá-la nos afazeres domésticos. A família ainda tentou pedir ajuda financeira à igreja, mas como havia uma grande fila no local anunciado e muitos tiveram seus pedidos negados, conta Olga, a família preferiu entrar com uma ação judicial e só aguarda o término do inquérito para oficializar o processo. "A Renascer é uma empresa e vai responder como empresa", afirma.


Após mais de 10 anos frequentando os cultos da Renascer, Olga se sente desgostosa com a igreja. Para ela, houve negligência e imprudência. "Eles não poderiam ter falhado nessa parte. Eles ganham dinheiro, damos sempre dízimos para suprir as necessidades da igreja. Deveriam cuidar da nossa segurança dentro da igreja porque nunca falhamos com eles", reclamou.


Entre os fiéis, no entanto, nem todos questionam a igreja. A dona de casa Elisete Cunha, de 50 anos, uma das sobreviventes do desabamento, voltou a frequentar os cultos, promovidos agora em um local próximo da estação Bresser do Metrô. "Estamos chateados pela perda do templo, das pessoas, não com o pessoal da igreja. Para mim foi uma fatalidade", diz.


Membro da Igreja há cinco anos, ela não cogita mover ação contra a Renascer e já aderiu à campanha para construção da nova sede. "O templo era minha casa. Se a sua casa caísse, você não reconstruiria?", questiona. Elisete não quis revelar o valor de sua doação, mas está ansiosa para ver o novo templo. "O quanto antes (reconstruir), melhor."

UOL Celular


Mãe e filha morrem em desabamento da Renascer
Mulheres de 79 anos e 60 anos serão enterradas em Osasco.
Os corpos de seis vítimas deixaram o IML por volta das 10h30.

Patrícia Araújo
Do G1, em São Paulo.


Mãe e filha morreram no desabamento da Igreja Renascer com Cristo no Cambuci, Zona Sul de São Paulo, na noite deste domingo (18). Segundo a assessoria da Secretaria da Segurança Pública, Maria Amélia de Almeida, de 60 anos, e Acir Alves de Silva, de 79 anos, serão enterradas às 17h desta segunda-feira (19) no Cemitério Bela Vista, em Osasco, na Grande São Paulo.

Por volta das 10h30, seis dos sete corpos que estavam no Instituto Médico-Legal (IML) Central de São Paulo já tinham sido levados do local. Além da mãe e da filha, os outros cinco mortos também serão enterrados nesta segunda nos cemitérios da Saudade, em São Miguel Paulista, Chora Menino, em Santana, e no Araçá. O sétimo corpo que permanece no IML ainda não foi identificado.

No final da manhã, ainda segundo a assessoria da secretaria, os corpos das duas outras vítimas fatais do desabamento – Luiza Silva, de 62 anos e Maria de Lurdes, de 78 anos – ainda não tinham sido liberados pelos hospitais Santa Casa de Misericórdia e Hospital das Clínicas, respectivamente, e encaminhados para o IML.

Feridos

Além dos nove mortos, 93 pessoas ficaram feridas no desabamento do teto da Igreja Renascer com Cristo na Zona Sul da capital paulista. O Corpo de Bombeiros de São Paulo informou que cerca de 600 pessoas estavam no local quando o teto desabou, pouco antes do culto das 19h de domingo. Os bombeiros permaneciam fazendo buscas por possíveis vítimas do desabamento no início da manhã desta segunda. De acordo com a corporação, 15 equipes estavam no local.

Segundo os bombeiros, um homem de cerca de 40 anos que foi dado como desaparecido pela família é procurado no local. De acordo com os familiares, a possível vítima costumava ir ao culto e não foi encontrada. Não há confirmação, mas os bombeiros trabalham com a hipótese de que ele pudesse estar no templo. O homem também é procurado nos hospitais para onde foram levadas as vítimas.
Oito imóveis vizinhos ao templo foram interditados pela Defesa Civil da Prefeitura da cidade após o desabamento. Os imóveis foram interditados pois há risco das paredes laterais do templo, que apresentam rachaduras, desabarem e atingir as edificações vizinhas.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, há feridos em 15 hospitais e dois pronto-socorros em diversos pontos da capital. Muitos tiveram fraturas múltiplas, inclusive com afundamento de crânio e membros. Nesta madrugada, de acordo com a secretaria, algumas vítimas continuavam internadas em observação e outras tinham sido liberadas.

Imprensa internacional noticia desabamento da Renascer em SP
A 'CNN' destacou a notícia do desabamento na primeira página do site.
O 'Herald Tribune' lembrou que o jogador Kaká se casou na igreja.

Do G1, em São Paulo

A imprensa internacional noticiou o desabamento da Igreja Cristã Apostólica Renascer em Cristo, em São Paulo, neste domingo (18), que deixou até agora oito mortos e quase uma centena de feridos.


Com chamada na primeira página do site, a nota da “CNN” destacava informações do Corpo de Bombeiros sobre o número de mortos e feridos no local. Uma imagem ilustrava a reportagem, mostrando o trabalho dos bombeiros na madrugada desta segunda-feira (19).

Já o “New York Times” publicou informações do governador de São Paulo, José Serra, sobre o acidente, e enfatizou que o templo pode abrigar até dois mil fiéis.


A “BBC”, por sua vez, divulgou um vídeo com imagens da tragédia. Na nota, a rede britânica lembra que os líderes da Renascer, Estevam Hernandes e Sônia Hernandes estão presos nos Estados Unidos, cumprindo pena por conspiração e contrabando de dinheiro.

O “Herald Tribune”, que também noticiou o acidente, destacou que foi na igreja que desabou que o jogador Kaká do Milan se casou em 2005.


Renascer: 60 pessoas estavam no local do desabamento

Cerca de 60 pessoas estavam no prédio da Igreja Cristã Apostólica Renascer em Cristo, no Cambuci, na zona sul de São Paulo, quando o teto do imóvel desabou, por volta das 19 horas desta noite, segundo informações da assessoria da Renascer. Dos 35 feridos, seis estariam em estado grave, e uma pessoa morreu.


A igreja, considerada a segunda maior denominação neopentecostal brasileira, foi fundada em São Paulo em 1986, por Estevam Hernandes e Sônia Hernandes. A Igreja Renascer controla hoje uma rede de TV, uma gravadora, rede de rádio, uma editora e possui a Fundação Renascer, mantenedora de suas obras assistenciais.

Estima-se que haja hoje cerca de 1.500 templos espalhados por todo o Brasil e países como Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Espanha, Japão, entre outros, somando mais de dois milhões de fiéis.

A Igreja Renascer também foi palco do casamento do meia-atacante do Milan, Kaká, de 26 anos, e Caroline, em dezembro de 2005.

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